Metade das mulheres adolescentes irão sentir “cólicas” ou dores durante ou antes do período menstrual, também denominadas de dismenorreia ou Síndrome Pré-Menstrual (SPM). Muitas sentem desde um desconforto abdominal e outras irão sentir dores mais intensas que podem ocasionar muitos sintomas, desde a sensação de “inchaço”, dores-de-cabeça, tonturas, náuseas, aumento da sensibilidade das mamas, irritabilidade e alternâncias bruscas de humor com choros frequentes.

Geralmente estes sinais acontecem a intervalos mensais com duração de um a sete dias, e de acordo com as flutuações hormonais da puberdade. Nos primeiros dois anos (em torno de 11 a 13 anos) os períodos menstruais são anovulatórios, isto é, sem ovulação, portanto, sem dor.

Porém, à medida que os ovários vão amadurecendo e produzindo os óvulos (em torno de 14 a 15 anos), que ao serem liberados, as trompas estimulam seu movimento e daí alguns espasmos de dor podem ser sentidos, como na SPM. Às vezes, ocorre com o início da menstruação (primeiras 48 horas), pois a parte da camada interna do útero, denominada de endométrio ao descamar induz a produção de prostaglandinas, que causam a dor em mulheres. Muitas delas acabam precisando faltar às suas atividades de rotina, escola ou trabalho e ficarem descansando de repouso até se sentirem melhores.

A dismenorreia pode ser primária quando associada ao fluxo menstrual ou secundária quando existem outras causas para a dor, como no caso de infecções (doença pélvica inflamatória), endometriose, cistos ou massas pélvicas.

Por isso mesmo, é sempre importante a avaliação e o exame médico ginecológico, de acordo com a presença ou ausência da dor ou outras irregularidades do fluxo ou dos intervalos menstruais. Esta avaliação poderá ser complementada por outros exames, como por exemplo, de ultrassonografia das regiões uterina e ovarianas. O tratamento deverá ser indicado por profissional especializado após uma correta avaliação clínica.

Muitos mitos envolvem as cólicas menstruais e devem ser sempre esclarecidos: desde que a dor e o sofrimento são castigos para todas as mulheres, até que são causadas por emoções, chantagens ou “xiliques”.

É muito importante fazer um calendário ou um diário para anotar tudo o que se sente em relação aos dias do mês, para as adolescentes acompanharem os sinais associados à dor ou ao desconforto menstrual. Conversar abertamente sobre o que está passando durante uma consulta médica é sempre o melhor “remédio” para a solução das cólicas menstruais!

Algumas dicas para aliviar as cólicas:

* Tome chás como erva-cidreira, hortelã, camomila, hibisco e canela. Eles possuem propriedades calmantes que ajudam no alívio da dor e proporcionam bem-estar.

* Coloque uma bolsa de água quente: o calor estimula a irrigação sanguínea e, consequentemente, relaxa a musculatura, amenizando as contrações.

* Pratique exercícios físicos e alongamento: eles ajudam a soltar os músculos e aliviam a dor.

Por mais que muitas pessoas relativizem os efeitos das cólicas, chamando até de “mimimi”, não se esqueça de que é muito importante buscar ajuda especializada tanto para melhorar a qualidade de vida, como para tratar doenças. Na Clínica de Adolescentes temos um espaço multiprofissional especializado, para escutar com atenção bem como diagnosticar e tratar de forma personalizada cada adolescente.

Dra. Evelyn Eisenstein, pediatra e hebiatra com mais de 40 anos de experiência e diretora médica da Clínica de Adolescentes