Autismo: como identificar os primeiros sinais?


autismo, atualmente denominado TEA (Transtorno do Espectro Autista), é uma desordem do desenvolvimento que compromete as habilidades de comunicação e interação social, afetando a capacidade de aprendizado e adaptação da criança com alterações do comportamento com repercussões também na adolescência.

É definido pela presença de déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, de acordo com o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 2013).

Geralmente é identificado na infância, entre um ano e meio e três anos, embora os sinais iniciais às vezes apareçam já nos primeiros meses de vida. Algumas crianças com autismo têm o exame físico normal, parecem comuns antes de um ou dois anos, mas de repente "regridem" e perdem as habilidades linguísticas ou sociais que adquiriram previamente.

Sintomas
A maioria dos pais de crianças com autismo suspeita que algo está errado antes de a criança completar 18 meses de idade e busca ajuda por volta dos dois anos.

Uma criança ou adolescente com autismo pode apresentar os sintomas mais variados:

  • Ter visão, audição, tato, olfato ou paladar excessivamente sensíveis, (por exemplo, eles podem se recusar a usar roupas "que dão coceira")
  • Ter alteração emocional anormal, como irritabilidade ou choros quando há alguma mudança na rotina
  • Fazer movimentos corporais repetitivos
  • Demonstrar apego anormal aos objetos.
No autista podemos observar algumas características.

Em termos de comunicação:

  • Não poder iniciar ou manter uma conversa social
  • Comunicar-se com gestos em vez de palavras
  • Desenvolver a linguagem lentamente ou não a desenvolver
  • Não conseguir focar o olhar nos objetos
  • Não se referir a si mesmo de forma correta (por exemplo, dizer "você quer água" em vez de "eu quero água")
  • Não apontar para chamar a atenção das pessoas para objetos
  • Repetir palavras ou trechos memorizados, como comerciais
Em termos de interação social:

  • Não faz amigos
  • Não participa de jogos interativos
  • É retraído
  • Pode não responder a contato visual e sorrisos ou evitar o contato visual
  • Pode tratar as pessoas como se fossem objetos
  • Prefere ficar sozinho, em vez de acompanhado
  • Mostra falta de empatia
  • Não imita as ações dos outros
  • Prefere brincadeiras solitárias ou ritualistas
Em termos de informações sensoriais:

  • Não se assusta com sons altos
  • Tem a visão, audição, tato, olfato ou paladar ampliados ou diminuídos
  • Pode achar ruídos normais dolorosos e cobrir os ouvidos com as mãos
  • Pode evitar contato físico por ser muito estimulante ou opressivo
  • Esfrega as superfícies, põe a boca nos objetos ou os lambe
  • Parece ter um aumento ou diminuição na resposta à dor
Em termos comportamentais:

  • Acessos de raiva intensos
  • Fica preso em um único assunto ou tarefa (perseverança)
  • Baixa capacidade de atenção
  • Poucos interesses
  • É hiperativo ou muito passivo
  • Comportamento agressivo com outras pessoas ou consigo
  • Necessidade intensa de repetição
  • Faz movimentos corporais repetitivos
Existem transtornos que podem estar associados, como deficiência intelectual ou epilepsia, ou comportamentais reativos, como impulsividade, insônia, desatenção, agitação em sala de aula.

Causas
O autismo é considerado um transtorno multifatorial e suas causas ainda são desconhecidas, mas as pesquisas na área são cada vez mais intensas. Sabe-se que a genética e agentes externos ambientais, alguns bastante controversos ainda, podem desempenhar um papel chave nas causas do transtorno.

Mitos e verdades
Alguns grupos advogam que algumas vacinas possam causar autismo em crianças, mas pesquisas NÃO indicam que esse risco seja verdadeiro. A American Academy of Pediatrics e The Institute of Medicine, dos EUA, concordam que nenhuma vacina (ou componente dela) é responsável pelo número de crianças que atualmente são diagnosticadas com autismo. Eles concluíram que os benefícios das vacinas são maiores do que os riscos.

Muitos adolescentes são estigmatizados por apresentarem alguns sintomas frequentes do autismo, dificultando a interação com colegas na escola e baixa da autoestima e por isso se isolam ainda mais. Outros se tornam atletas e se dedicam aos esportes, como ritualização – existem vários jogadores de futebol campeões mundiais, inclusive.

Epidemiologia
O autismo afeta quatro a cinco vezes mais meninos do que meninas. Renda familiar, educação e estilo de vida parecem não influenciar no surgimento.

Alguns médicos acreditam que a maior incidência de autismo se deve a novas definições do transtorno.

O autismo, assim como a Síndrome de Asperger (que se diferencia do autismo por ter uma característica de memória privilegiada e aspectos cognitivos e da linguagem sem atraso), foi incorporado a uma nova nomenclatura, chamada Transtorno do Espectro do Autismo. O termo "autismo" agora inclui um espectro mais amplo de crianças. Por exemplo, hoje em dia, uma criança diagnosticada com autismo altamente funcional poderia ser simplesmente considerada tímida ou com dificuldade de aprendizado há 30 anos.

Diagnóstico de autismo
O diagnóstico deve ser conduzido por uma equipe interdisciplinar composta por neuropediatra, fonoaudiólogo, psicólogo e terapeuta ocupacional. Geralmente ele é feito antes dos três anos de idade, já que os sinais do transtorno costumam aparecer precocemente.

Para realizar o diagnóstico, o médico utiliza os critérios do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria.

Tratamento
Não existe cura para autismo, mas um programa de tratamento precoce, intensivo e apropriado melhora muito a perspectiva de crianças pequenas com o transtorno. A maioria dos programas aumentará os interesses da criança com uma programação altamente estruturada de atividades construtivas e positivas.

O principal objetivo do tratamento é maximizar as habilidades sociais e comunicativas da criança por meio da redução dos sintomas do autismo e do suporte ao desenvolvimento e aprendizado.

Mas a forma de tratamento que tem mais êxito é a que é direcionada às necessidades específicas da criança. Um especialista ou uma equipe experiente deve desenvolver o programa para cada criança.

Medicamentos
Não existem medicamentos capazes de tratar os principais sintomas do autismo, mas eventualmente são usados medicamentos para tratar problemas comportamentais ou emocionais, como agressividade, ansiedade, problemas de atenção, hiperatividade, impulsividade, irritabilidade, alterações de humor, surtos, dificuldade para dormir e ataques de raiva.

Prognóstico
O autismo continua sendo um distúrbio difícil para as crianças e suas famílias, mas a perspectiva atual, inclusive para os adolescentes, é muito melhor do que na geração passada, quando a maioria das pessoas com autismo era internada em instituições.

Hoje, com o tratamento adequado e específico para cada caso, muitos dos sintomas do autismo podem melhorar, mesmo que algumas pessoas permaneçam com alguns deles durante toda a vida. Muitas pessoas com autismo conseguem viver com independência e autonomia.

A perspectiva depende da gravidade do autismo e do nível de tratamento que a pessoa recebe. É interessante também procurar ajuda de outras famílias que tenham parentes com autismo e de profissionais que deem o suporte necessário aos parentes.

Se você notar qualquer sinal do transtorno em seu filho, converse com um médico neuropediatra. Ele poderá recomendar exames específicos. Os comportamentos de alerta são:

  • Não responder aos estímulos com sorriso ou expressão de felicidade aos seis meses
  • Não imitar sons ou expressões faciais aos nove meses
  • Não balbuciar aos 12 meses
  • Não gesticular aos 12 meses
  • Não dizer nenhuma palavra aos 16 meses
  • Não dizer frases compostas de pelo menos duas palavras aos 24 meses
  • Perder habilidades sociais e de comunicação em qualquer idade.
A Organização Mundial de Saúde declarou 2 de abril como o Dia de Conscientização sobre Autismo. O símbolo do autismo é um quebra-cabeça, o que denota sua diversidade e complexidade.

Para mais informações, acesse:
www.revistaautismo.com.br
www.autismoemdia.com.br
Documento da Sociedade Brasileira de Pediatria

Dr. Eduardo Jorge Custódio da Silva, neuropediatra e um dos diretores da Clínica de Adolescentes

 
 
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